Este Curso de Verão pretende aproveitar o interesse suscitado pelo filme Os Maias (2014), um dos maiores sucessos do cinema português actual, para reflectir sobre a interacção entre a obra literária (canónica) e o audiovisual, considerada de grande importância para a vitalidade da memória literária e cultural, em especial, para as novas gerações, não só em Portugal mas também no Brasil e, no sentido lato, no espaço da lusofonia (ensino do PLNM / PLE).
Introdução e Objectivos
A adaptação de Os Maias por João Botelho prova o interesse contínuo de cinema e televisão em revisitar a herança literária queiroziana, desde a primeira versão de O Primo Basílio (1922).
Com as intrigas de adultério e, no caso de O Crime do Padre Amaro, do amor sacerdotal, os filmes concretizam imaginários entre (melo)dramático e sensual-erótico. O caso de Os Maias é diferente: o núcleo dramático do incesto interage de forma diferente com a representação crítica da alta sociedade e com a interrogação sobre Portugal.
A recriação de um high life lisboeta em tableaux de grande detalhe bem como o desequilíbrio entre drama e conversação requer decisões na hora da adaptação, com consequências para o processo da recepção. De raiz, a transposição para o cinema parece mais difícil do que para o pequeno ecrã. Daí o interesse de uma abordagem comparativa, nomeadamente entre o filme e a telenovela brasileira (2001).
As reflexões abrangem também a questão do ensino da literatura canónica em contextos nacionais e internacionais.
Públicos/Formato
O Curso de Verão destina-se a todos os interessados na obra queiroziana e na área cultura / literatura / media, nomeadamente a professores (sobretudo, Ensino Secundário), estudantes universitários nacionais e internacionais (graduação e pós-graduação), estudiosos e pesquisadores nas áreas de Ciências de Comunicação, Estudos Culturais e Literários.
O formato de Curso de Verão / Seminário Internacional corresponde a um padrão, com uma tradição já consolida ao longo de mais do que uma década.
De edição a edição, as temáticas e as leituras recomendadas variam.
Programa
19 de Julho
Chegada; reunião preparatória dos docentes; reunião dos formandos (jantar).
20 de Julho a 23 de Julho
Seminário ministrado pelos docentes do Curso de Verão, iniciado, no dia 20 de Julho, pela sessão de abertura, com o coordenador.
O curso consiste em 20 horas de seminário.
24 a 25 de Julho
COLÓQUIO INTERNACIONAL DE TORMES
Eça e o romance oitocentista – Transformações cinematográficas e televisivas
Coordenação Científica
Prof. Orlando Grossegesse
(Coord. Ciências da Literatura do CEHUM / ILCH – Universidade do Minho)
Filologias Românicas e Comunicação Social na Universidade de Munique: Magister Artium (M.A.) em 1986; doutorou-se em 1989 com uma tese sobre a relação entre conversação e discurso literário na obra queiroziana, publicada sob o título Konversation und Roman (Stuttgart: Franz Steiner 1991). Desde 1990 é docente/investigador da Universidade do Minho, a partir de 2004 como prof. associado, nas áreas de Literatura e Cultura Alemãs e Comparadas, Tradução e Comunicação Multilingue. Docente de Estudos Queirozianos. Estudos no âmbito das Filologias Alemã, Portuguesa, Espanhola e Comparada.
Publicação em livro mais relevante, para além da tese de doutoramento: Saramago lesen. Werk – Leben – Bibliographie (Berlin: edition tranvía 1998; 2ª ed. ampliada e atualizada 2009). Actas de colóquios e congressos (organizadas ou co-organizadas), entre outras: «O estado do nosso futuro». Brasil e Portugal entre identidade e globalização (Berlin: edition tranvía 2004) e, com Henry Thorau, À procura da Lisboa africana (Braga: Col. Hespérides 24; 2009). Membro do Conselho Cultural da Fundação Eça de Queiroz (FEQ) e director adjunto da Queirosiana (org. de três edições: 15-17; 18-20; 21/22).
Professores Convidados
Carolina Overhoff Ferreira
Prof.ª adjunta de Cinema Contemporâneo no Curso de graduação e pós-graduação em História da Arte da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Campus Guarulhos.
Possui pós-doutoramento sénior pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP). Estudou Ciência de Teatro/Cinema e História da Arte na Universidade de Viena (1990), University of Bristol (1991), Universidade Humboldt (1992) e Universidade Livre de Berlim (1993). Possui mestrado em Ciência de Teatro e História da Arte (1993) e doutorado em Ciência de Teatro (1997) pela Universidade Livre de Berlim. Foi professora adjunta convidada no Curso de Som e Imagem, Universidade Católica Portuguesa, Porto, de 2000-2007; professora convidada em 2006 na Universidade de Coimbra, docente na Universidade Livre de Berlim em 1999 e entre 1995-1999 na Universidade de Ciências e Artes Aplicadas em Hannover.
Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Cinema e Teatro, actuando sobre a relação entre arte e política através dos seguintes temas: cinema contemporâneo, identidade nacional e transnacional, relações coloniais e pós-coloniais, adaptação literária, e dramaturgia contemporânea.
Publicação em livro mais relevante: O cinema português – aproximações à sua história e indisciplinaridade (São Paulo: Alameda Casa Ed., 2013), Diálogos africanos: um continente no cinema (Brasília: Centro Cultural do Banco do Brasil, 2012); (org.): O cinema português através dos seus filmes (Porto: Campo das Letras, 2007; 2ª ed. ampliada e atualizada Lisboa: Edições 70, 2014); (org.): Identity and Difference – Postcoloniality and Transnationality in Lusophone Films (Berlin, Londres, Zurique: Lit Verlag, 2012); (org.): Terra em Transe – Ética e Estética no Cinema Português (Munique: AVM, 2012); (org.): On Manoel de Oliveira (Londres: Wallflower Press, 2008).
Filomena Antunes Sobral
Prof.ª adjunta no Instituto Politécnico de Viseu.
Concluiu doutoramento de Ciência e Tecnologia das Artes/Cinema e Audiovisual pela Universidade Católica Portuguesa, em 2011, após Mestrado em Som e Imagem/Argumento na mesma instituição, e Licenciatura em Ciências de Comunicação na Universidade Nova de Lisboa.
Para além do livro Escrever para cinema – Etapas da criação de um argumento (Penafiel: Ed. Novembro, 2008), publicou vários artigos sobre adaptações cinematográficas e televisivas de obras queirozianas, em parte derivados da sua tese de doutoramento sobre as adaptações do Crime do Padre Amaro e Os Maias. Pode ser considerada a maior especialista nesta área.