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«Notas Marginais» de Eça de Queiroz

A 23 de Março de 1866 sai, na Gazeta de Portugal, o primeiro folhetim publicado por Eça de Queiroz, sob o título de «Notas Marginais».

Em 1866, a Gazeta de Portugal era ainda um jornal novo e nunca deixaria de o ser, facto devido à sua  duração de apenas alguns anos. O referido jornal foi refundado em 1862 graças aos esforços de António Augusto Teixeira de Vasconcelos, personalidade multifacetada e ligada a diversas actividades, e extinguido volvidos somente 6 anos. Toda esta situação não foi, no entanto, impeditiva de que na Gazeta surgissem ilustríssimas colaborações, surgindo nomes sonantes como o de António Feliciano de Castilho, Camilo Castelo Branco, Júlio César Machado, Pinheiro Chagas, entre muitos outros, dentre os quais surge, claro, o de Eça de Queiroz.

A colaboração do Escritor com a Gazeta de Portugal  inicia-se em Março de 1866 e prolonga-se até 22 Dezembro de 1867, tendo sido os folhetins postumamente coligidos por Luís de Magalhães (1903) em «Prosas Bárbaras».

gazeta de portugal

 O título de «Prosas Bárbaras» corresponderá, de acordo com Jaime Batalha Reis, a uma intencionalidade do próprio escritor já em 1871 , quando este lhe leu o relato «Memórias de uma Forca»:

“Ao ouvir a sua obra primitiva, Eça de Queiroz soltava gargalhadas sarcásticas, gritos de indignação contra as imagens, os assuntos, o estilo: não compreendia como pudesse ter escrito assim, tão pessoalmente, tão apaixonadamente, tão vagamente, com tanto desleixo – berrava ele – na criação das imagens, na construção da frase e no emprego dos vocábulos.

Mas depois de uma longa discussão concluiu dizendo-me:

– Tens talvez razão, com efeito – está claro, tens razão. Talvez se deva republicar isso em livro.  E acrescentou mais grave: – Mas sob o título crítico e severo de «Prosas Bárbaras».”

Referências:

  • Dicionário de Eça de Queiroz (Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2015), por A. Campos Matos
  • Textos de Imprensa I da Gazeta de Portugal (Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2004), por Carlos Reis e Ana Teresa Peixinho